31 de Marzo de 2019
Marcas da colonialidade no movimento pela humanização do
parto no Brasil a partir dos filmes O renascimento do parto 1 e 2
- Jacqueline Fiuza da Silva Regis, Glauco Vaz Feijó
Marcas da
colonialidade no movimento pela humanização do parto no
Brasil a partir dos filmes O renascimento do parto 1 e 2
- Traits
of coloniality in the natural childbirth movement in Brazil after the
movies “Birth reborn” and “Birth reborn 2”
-
Discurso & Sociedad, 2019 13(1):118-138
Resumen
A partir da ideia de feixe discursivo como um recorte temático
de um discurso (Jäger, 1996), percebemos no discurso
médico-científico um feixe discursivo afeto à
gestação e ao parto, que consolidou o poder médico
também como uma forma de subordinação de
gênero. Tal subordinação vem, contudo, sendo
contestada por um contradiscurso de humanização do parto
que teve seus enunciados fortalecidos nas duas últimas
décadas. Dentro de um feixe discursivo, eventos discursivos
são acontecimentos de grande repercussão midiática
que podem influenciar a direção, o sentido e a qualidade
do feixe em que estão inseridos (Jäger, 2012). Com essa
chave de interpretação discursiva, construímos
algumas reflexões sobre os filmes O renascimento do parto 1 e 2,
tomados como eventos discursivos de grande repercussão dentro do
feixe discursivo sobre a gestação e o parto que se insere
no dispositivo de poder médico-científico. Na
interpretação empreendida, tentamos delinear, por meio
desses eventos discursivos, características dentro do feixe
discursivo sobre a gestação e o parto de enunciados sobre
o parto natural e humanizado, chamando atenção para o que
neles há de reprodução de mecanismos de
colonialidade do poder, do saber e do ser, sobretudo no que se refere
aos enunciados colonialistas herdados do pensamento científico
europeu. Por outro lado, destacamos que, a partir do segundo filme,
há deslocamentos discursivos, que levam a significativos
avanços na construção de um discurso
contra-hegemônico em relação ao discurso
científico-colonial que marca o feixe discursivo sobre a
gestação e o parto. Na interpretação,
além do quadro analítico baseado em Jäger, usamos
categorias analíticas de van Leeuwen (2008) sobre a
representação de atores sociais.
Palabras clave: discurso, parto, feminismo, violência, colonialidade
Abstract
From the idea of ​​discursive bundle as a thematic clipping of a
discourse (Jäger, 1996), we perceive in the medical-scientific
discourse a discursive bundle connected to gestation and birth, which
consolidated the medical power as a form of subordination of gender.
Such subordination, however, has been challenged by a counter-discourse
on the natural childbirth, whose statements have been strengthened in
the last two decades. Within a discursive bundle, discursive events are
events of great mediatic repercussion that can influence the direction,
meaning and quality of the bundle in which they are inserted
(Jäger, 2012). With this key of interpretation, we construct some
reflections on the films Birth reborn and Birth reborn 2, taken as
discursive events of great repercussion within the discursive bundle
about gestation and childbirth that is inserted in the device of
medical-scientific power. In the interpretation undertaken, we try to
delineate, through these discursive events, characteristics within the
discursive bundle about gestation and childbirth of statements about
natural childbirth, drawing attention to what is reproduced from the
mechanisms of coloniality of power and being, especially from the
colonialist statements inherited from European scientific thought. On
the other hand, we point out that, from the second film, there are
discursive displacements, which lead to significant advances in the
construction of a counter-hegemonic discourse in relation to the
scientific-colonial discourse that marks the discursive bundle on
gestation and childbirth. In the interpretation, in addition to the
analytical framework based on Jäger, we use analytical categories
of van Leeuwen (2008) about representations of social actors.
Keywords: discourse, childbirth, feminism, violence, coloniality